Raphael Bontempo
“… Os meios eletrônicos de comunicação são complacentes em ceder informação rápida, para aqueles que não possuem tempo de ler jornais. Mas estas mesmas pessoas teriam algum tempo reserva, para decidir se o que elas estão assistindo são notícias genuínas ou apenas uma informação embalada? (…) enquanto muitos argumentam que passaram os tempos áureos do jornalismo, da televisão com Hard News, outros simplesmente defendem que seu formato nunca esteve muito distante do que se tornou hoje…”
Estas são algumas das indagações lançadas por Nicole Morell, da Universidade de Rhode Island, em seu artigo Are Television News Programs Becoming Nothing More Than Infotainment? No texto, são apresentados alguns acontecimentos divulgados pela TV norte-americana a partir da década de 60, que anunciavam o começo do que hoje é conhecido por Infotenimento. A autora explica que eventos televisionados, como o Movimento dos Direitos Civis e a Guerra do Vietnã, tornaram os americanos mais convictos em sua programação, devido à atualidade dos fatos. “Há quem argumente que a dependência nos noticiários da TV, em cenas horríveis da guerra brilhando na tela, conseguiram atingir a atração pública”.
Matthew Nisbet, Professor de Comunicação da Universidade Americana, lançou há alguns anos um artigo no qual criticava o Infotenimento – para ele, temas como o sensacionalismo, celebridades, fenômenos paranormais dentre outros solapam a credibilidade dos principais conglomerados da mídia.
Há muito, ouço a máxima na qual “tragédia vende”. Difícil imaginar o contrário…
Quando um programa lança mão da violência, recorre ao apelo popular, “porque nosso jornal, antes de mais nada, é uma prestação de serviço…”A hipocrisia chega a ser engraçada. Mas o noticiário não: mastiga a carne massacrada pela crônica urbana. A morte, o latrocínio, o estupro ganham tons de chacota. Sabemos bem disso. Falar a respeito é como chover no oceano.
Então, o problema é maior. Porque eventualmente assistimos.
Somos sádicos?
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